Vik Muniz no museu Inimá de Paula

Ao visitar o museu Inimá de Paula, a exposição de Vik Muniz, percebe-se em sua forma de fazer arte uma maneira não muito tradicional, a maioria de seus "quadros", se não todos, são fotografias de suas artes, que não são feitas de tinta propriamente dita. São usados materiais de açúcar a lixo.




Percebe-se também a ligação de Muniz às críticas sociais, as faz camufladas em alguns de seus quadros, a exemplo deste quadro que mostra com brinquedos e balas, ou seja, objetos normalmente usados por crianças, uma garota com feição triste, aparentemente na calcada de uma rua pedindo esmolas.


Vik também trabalha com pinturas "comestíveis", que são feitas de geléia, e manteiga de amendoim, macarrão e uma das mais difíceis, de trabalhar, segundo ele, a calda de chocolate que é usada em sorvete, são trabalhos que ao ver aguçam a vontade de comer. E estes são baseados em outros quadros famosos, como o de Monalisa de Da Vinci. Como são feitos de alimentos, são perecíveis, assim, tendo o registro somente por fotos, que é traço marcante em todas suas obras.


Uma forma também interessante de reinterpretações de pinturas famosas é à base de açúcar mascavo com pigmentos aspergidas. As fotos das obras são tiradas de uma forma que realmente parece que está em terceira dimensão, ou seja, que realmente o açúcar está presente na parede onde a obra se encontra exposta. Um recurso que é bastante usado é o de aproximação e distanciação, sendo que muito próximo não consegue se identificar qual pintura é, e ao se distanciar ao própria vai pigmentando-se e formando a imagem.

Ele trabalha também com materiais não muito fáceis de manusear, como o algodão, que ele usa ao fundo azul para dar um aspecto de nuvens a um céu claro, o arame que, quando longe, parece simplesmente desenhos feitos a lápis comuns, mas ao se aproximar percebe-se do que realmente é feito, e linhas de costura, que ele usa as camadas de volume para indicar a proximidade e distancia dos objetos num ambiente em terceira dimensão.

Uma das obras que chamam mais atenção são as crianças de açúcar, que ele fez enquanto estava em uma viagem, ele consegue retratar com perfeição as crianças, sejam seus detalhes mais chamativos, como o sorriso, as expressões, quanto o mínimo, como o suor e as características psicológicas ligadas a cada uma. E após registrar fotograficamente a sua obra, ele guardou a açúcar de cada quadro que fez em potes devidamente separados, e identificou cada um com o nome de cada criança que foi feita, como se os potes contivessem a docilidade de cada uma.

Dentre muitas das suas obras se encontram as macro, feitas em lugares abertos com várias formas, usadas escavadeiras para esculpir suas obras e as feitas no lixão. E as menores que incluem os montes, que são objetos diversos do nosso cotidiano com um certo grau de ligação entre si, amontoados. Há também as obras de diamantes feito com rostos de astros hollywoodianos, que questiona se estas obras valeriam mais se fossem feitas de chocolates ao invés das pedras preciosas. E por fim a obra que mais me intrigou, o mapa mundi feito de periféricos de computadores antigos, sendo que cada parte dos pcs compunha uma nação.





A arquitetura do local é bem agradável, ao montar a galeria percebe-se a sobreposição das obras monocromáticas sobre paredes de cores vivas, quanto as obras mais coloridas em paredes menos chamativas, gerando um contraste agradável e inteligente.
Por fim a exposição de Vik Muniz no museu Inimá de Paula é um ótimo passeio cultural, faz rever conceitos do que é arte, e como que ela pode ser feita. Trabalha com a arte conceitual, o que gera várias interpretações, faz críticas ao mundo capitalista e a guerra. As obras geram surpresas ao serem bem analisadas, dentre outros efeitos, que quando presente no local percebe-se. Por ser bastante intuitiva é uma exposição indicada a qualquer idade.



0 comentários: